Médicos e enfermeiros são denunciados por organização criminosa em MT

Médicos e enfermeiros são denunciados por organização criminosa em MT

Os denunciados são acusados de formação de cartel e desvio de cerca de R$ 35 milhões da Saúde de MT

O MPMT (Ministério Público de Mato Grosso) encaminhou à Justiça uma denúncia contra 22 profissionais de saúde, incluindo médicos e enfermeiros. Pesa sobre eles a acusação de organização criminosa e desvio de dinheiro público.

Os denunciados foram investigados no âmbito da Operação Espelho, que envolveu ações das polícias Civil e Federal. Eles são suspeitos de, por meio de empresas prestadoras de serviço na área da saúde, firmarem contrato com a SES (Secretaria Estadual de Saúde) para combate à covid-19.

A operação, deflagrada em 2021, investigou o desvio de cerca de R$ 35 milhões do cofres públicos para prestação de serviços de saúde que, conforme a denúncia, não foram prestados ou executados de forma incompleta.

À reportagem, a SES informou que: em 2020 solicitou auditoria que constatou irregularidades no valor de R$ 229 mil, rescindindo os contratos. Na época, a secretaria reteve da empresa o pagamento de R$ 900 mil. Portanto não houve prejuízo ao erário.

“A secretária adjunta de gestão hospitalar, Caroline Dobes, servidora de carreira com 16 anos de serviços prestados à administração pública, solicitou afastamento do cargo por livre iniciativa e irá demonstrar em juízo a sua inocência”, completou.

Entenda o caso

De início, a Decor (Delegacia Especializada de Combate à Corrupção) apurou denúncia contra uma empresa contratada, sem licitação, para realizar atendimento médico na área de infectologia e clínica geral no Hospital Metropolitano de Várzea Grande, que tornou referência na época, para tratamento de pacientes com covid.

Como desdobramento das investigações, a Polícia Civil apurou que a empresa contratada integrava um cartel de empresas dedicado a fraudar licitações e contratos de prestações de serviços médicos, principalmente de UTIs em todo o estado.

Confira a lista de profissionais denunciados:

  • Luiz Gustavo Castilho Ivoglo – médico e empresário (organização criminosa/ peculato / fraude à licitação)
  • Osmar Gabriel Chemim – médico e empresário (organização criminosa)
  • Bruno Castro Melo – médico e empresário (organização criminosa/ peculato/ fraude à licitação)
  • Carine Quedi Lehnen Ivoglo – médica (organização criminosa/ peculato)
  • Gabriel Naves Torres Borges – médico e empresário (organização criminosa)
  • Alberto Pires de Almeida – médico, pecuarista e empresário (organização criminosa)
  • Renes Leão Silva – médico e empresário (organização criminosa)
  • Catherine Roberta Castro da Silva Batista Morante – médica (organização criminosa)
  • Márcio Matsushita – médico (organização criminosa)
  • Sergio Dezanetti – médico e pecuarista (organização criminosa)
  • Luciano Florisbelo – médico (organização criminosa)
  • Samir Yoshio Mastumoto Bissi – médico e empresário (organização criminosa)
  • Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves – médico (organização criminosa)
  • Pamela Lustosa Rei – médica (organização criminosa)
  • Nabih Fares Fares – médico e empresário (peculato)
  • José Vitor Benevides Ferreira – médico (peculato)
  • Marcelo de Alécio Costa – servidor público/militar da reserva (organização criminosa / fraude à licitação)
  • Alexsandra Meira Perez – contadora e professora (organização criminosa)
  • Maria Eduarda Mattei Cardoso – secretária administrativa (organização criminosa)
  • Elisandro de Souza Nascimento – enfermeiro (organização criminosa)
  • Caroline Campos Dobes Conturbia Neves – servidora pública estadual – Secretária Adjunta de Gestão Hospitalar (peculato)
  • Miguel Moraes da Cruz Suezawa – brasileiro, solteiro, coordenador (peculato)

Todos foram acusados de cartel na saúde pública do estado.

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Ministério Público ofertou denúncia à Justiça. (Foto: reprodução)

Sequestro de bens

Por ordem judicial, e buscando a reparação ao erário, foram sequestrados 36 veículos e bloqueados mais de 20 imóveis.

Entre os veículos estão marcas de luxo como BMW, Land Rover, Porsche, Audi, Jaguar, além de caminhonetes e outros automóveis de alto valor de mercado.

Também foram bloqueadas casas e lotes em condomínios de luxo, além de fazendas no estado, com o objetivo de chegar, ao menos, aos R$ 35 milhões em bens sequestrados.

Capivara Criminal

Primeira Página, por meio da coluna Capivara Criminal, da jornalista Marta Jesus, acompanhou os passos da investigação do escândalo na Saúde do Estado. Veja abaixo:

Pedidos do MPMT

O MPMT pede a reparação dos danos causados, que chegam à soma de R$ 229.752,50, referentes aos desvios ocorridos no Hospital Metropolitano de Várzea Grande e outros R$ 7,3 milhões, referentes à fraude em uma licitação feita em um pregão eletrônico em Guarantã do Norte.

Também foi pedida a reparação de R$ 50 milhões referentes à organização criminosa, diante do prejuízo causado à sociedade pela forma como os denunciados controlaram a prestação de serviços médicos e fornecimento de equipamentos para o Estado, determinando preços mais onerosos para a administração pública, afastando a concorrência e restringindo a oferta de produtos e serviços, prejudicando a população no momento mais crítico de saúde mundial, que foi a pandemia do coronavírus.

O outro lado

Primeira Página entrou em contato com os denunciados. Segue abaixo o posicionamento daqueles que enviaram resposta.

Por meio da nota, Miguel Moraes da Cruz Suezawa informou que está devidamente representado por seu procurador jurídico, tendo tomado conhecimento em sites de notícias locais sobre o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público de Mato Grosso, como desdobramento da Operação Espelho, e apontado como denunciado, vêm manifestar que aguardará com tranquilidade o recebimento formal da denúncia e prestará todos os esclarecimentos necessários em juízo para a elucidação dos fatos.

Luiz Gustavo Castilho Ivoglo disse que, até o presente momento, a defesa dele não teve acesso a denúncia e que aguardará para poder se manifestar.

Sérgio Dezanetti afirmou que nunca trabalhou neste serviço e que no processo não consta nada que o envolva. Além disso, ressaltou que a acusação de ameaça feita por outro médico nunca existiu. Ele afirmou ainda que vai acionar judicialmente os que fizeram acusações contra ele.

A defesa de Márcio Matsushita informou que está bastante tranquila e convicta da inocência dele. Os advogados irão tomar conhecimento da denúncia, a fim de que possa demonstrar que ele é inocente. A defesa destacou que aguardará a tramitação processual para apresentar todas as manifestações necessárias.

Os gestores das empresas Bone Medicina EspecializadaMedtrauma Centro Especializado e Curat Serviços Médicos disseram que receberam com estranheza os pedidos de pronunciamento feitos pela imprensa a respeito de denúncia criminal supostamente oferecida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso no âmbito da Operação Espelho.

“Isto, pois, além das investigações tramitarem sob segredo de justiça, não fora disponibilizada nenhuma denúncia nos respectivos autos de inquérito policial, razão pela qual a defesa desconhece o teor de eventuais imputações. Os representantes jurídicos das empresas reafirmaram que todos os contratos públicos de responsabilidade das empresas foram executados a contento, registrando-se a defesa desconhece a existência de indícios que indiquem o contrário”.

Médico Euller Preza enviou nota:

“A referida operação teve seu nascedouro e fechamento, diante de supostas irregularidades nas escalas de plantões junto ao Hospital Metropolitano de V. Grande e a sonegação de atendimentos ao tempo da Covid, sendo cristalino na própria denúncia que o médico jamais atuou em ambos os casos relacionados a esses fatos (…) Contudo, passou a ser indevidamente investigado, em decorrência de algumas trocas de mensagens, em que citara o preço que cobraria em serviços, caso fosse contratado para a prestação de serviços médicos, daí restando imensa indignação pois não há crime algum na apresentação de orçamentos, basicamente sendo esse o viés dos diálogos de whatsapp enfrentados na frágil denúncia (…)”.

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