Segundo relato de Samuel, segundo tiro foi dado quando a vítima estava desorientada no chão.
O homem que aparece ao lado de Thiago Graciote Moraes, de 29 anos, morto durante uma abordagem policial na madrugada de sábado (5), em Cotriguaçu (957 km de Cuiabá), divulgou um vídeo com a sua versão dos acontecimentos. Identificado como Samuel, ele conta como foram os últimos momentos de vida de Thiago antes de ser atingido por dois tiros disparados por um policial militar.
Samuel começa o vídeo dizendo que quer “esclarecer algumas coisas”. Na ocasião, a polícia havia sido acionada para atender uma ocorrência de som alto em uma lanchonete e de uma briga na rua. Contudo, segundo Samuel, quando os agentes de segurança chegaram ao local, a situação já havia sido apaziguada.
“Quando a polícia chegou não havia mais briga, não havia som ligado, estava tudo apaziguado, mas eles chegaram com a maior brutalidade, gritando ‘mão na cabeça’, que nós estávamos presos e realmente nós erramos porque nós não obedecemos as ordens deles, mas em momento algum nenhum de nós agrediu a polícia, ninguém agrediu ninguém”, explica.
Conforme o registro da ocorrência, a guarnição foi informada que havia uma pessoa armada no meio da briga que havia acontecido. Contudo, segundo o relato de Samuel, Thiago mostrou duas vezes ao policial que atirou nele que estava desarmado.
“Na frente da viatura, não pega no vídeo, o Thiago levantou a camisa e mostrou que não estava armado, eu não ergui a camisa porque não tinha necessidade. Eu saí para ir embora, pegar minha caminhonete e ir embora. Foi a hora em que o policial saiu me agredindo e a hora em que o Thiago entrou na minha frente para me defender do policial. No momento antes do Thiago entrar na minha frente para me defender ele já tinha erguido a camisa pela segunda vez e o policial viu muito bem que ele estava sem arma”, contou.
Segundo Samuel, quando recebeu o primeiro tiro, Thiago tentou se apoiar nele e chegou a sentar no chão desorientado, momento em que foi disparado o segundo tiro.
“Quando ele atirou o Thiago tentou segurar em mim, mas ele estava sem força já. Ele foi caindo, colocou a mão na barriga, a mão direita na barriga e com a esquerda tentou segurar em mim. Quando ele foi sentando no chão, o policial deu um passo à frente e deu outro disparo que pegou no peito do lado esquerdo, que foi o tiro da fatalidade”, relatou.
“Daquele momento para lá eu não vi mais. Eles já me algemaram, falaram para eu colocar a mão na cabeça senão eu seria o próximo e me prenderam. Daí eu não vi mais, só vi ele no chão dando os últimos suspiros”, concluiu.
Segundo a Polícia Militar, o policial autor dos disparos foi afastado das funções. O comandante-geral da PM, coronel Alexandre Mendes, disse que se constatado que não há nenhuma excludente de ilicitude, o policial pode até mesmo ser demitido.
