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Fantástico: Como uma quadrilha conseguiu aplicar golpe bilionário em produtores rurais numa das regiões mais ricas do país

Fantástico: Como uma quadrilha conseguiu aplicar golpe bilionário em produtores rurais numa das regiões mais ricas do país

Numa das regiões mais ricas do país, empresas de fachada compravam milho, soja e algodão – e não pagavam os produtores rurais. Segundo a polícia, um golpe bilionário contra o agronegócio. Duas pessoas estão foragidas.

Vinícius de Mello é gaúcho, tem 40 anos e é corretor de grãos em Goiás. Ficou milionário em poucos anos e está sendo procurado pela polícia.

Vinícius e outras cinco pessoas são suspeitas de participar de um esquema que lesou produtores rurais em Rio Verde, no interior de Goiás. E também causou um prejuízo bilionário ao estado. A cidade aparece em 5º lugar na lista dos 100 municípios brasileiros mais ricos do agronegócio.

Até agora 13 vítimas registraram boletim de ocorrência contra Vinícius de Mello. Mas a quantidade de produtores rurais que caíram no golpe, segundo a polícia, é muito maior. Acontece que eles acreditavam tanto em Vinícius que não fizeram contratos de compra e venda. As negociações eram todas na conversa, na base da confiança.

Vinícius de Mello se mudou pra Rio Verde na década de 1990. Bom de papo, simpático, foi fazendo nome no meio rural. Comprava soja, milho e algodão dos produtores rurais pra revender no mercado.

“Todos os nosso contratos que ele intermediou a gente não teve nenhum problema” , conta Euclides Costenaro, produtor rural.

Mas em junho passado ele e a mulher, Camila Rosa Mello, desapareceram misteriosamente. De acordo com a polícia, haviam aplicado um golpe de pelo menos R$38 milhões.

Os irmãos Carlos e Paulo Ricardo confiaram na palavra de Vinícius. “Acho que uns oito anos que ele tava negociando com o pessoal e sempre deu certo, sempre deu certo. Ele foi lá no armazém e combinou comigo para embarcar em 30 dias, e ele embarcou muito rápido, achei até estranho, colocou muito caminhão grande, de nove eixo, rapidão, e retirou o produto ”, conta Carlos Freitas de Paula Filho, produtor rural.

O negócio foi fechado em março e Vinícius faria o pagamento em 90 dias, o que não aconteceu.

“O sentimento é desespero, porque a gente contava com esse dinheiro, com esse valor pra cumprir nossos compromissos futuros”, conta Paulo Ricardo Sousa Freitas.

Ainda em junho, Vinícius escreveu um e-mail pros produtores, em que dizia: ” Devido a algumas ameaças recebidas, o ambiente não é seguro pra minha família. Portanto preservando a nossa integridade física, resolvi não retornar a cidade”.

O golpe

Os investigadores descobriram que Vinícius não agiu sozinho. Por trás dele havia várias empresas que foram criadas com a finalidade de sonegar impostos e lavar dinheiro. A polícia de Goiás considera que esse o maior golpe já aplicado contra o agronegócio no Brasil.

Os suspeitos atuavam como corretores de grãos comprando e vendendo os produtos agrícolas. Na prática, após receber as produções, não pagavam ou pagavam menos que o valor negociado com os produtores, e também não entregavam toda a carga para os clientes.

Em seguida, vendiam os produtos e transferiam os valores para empresas-fantasmas, em nomes de laranjas, para ocultar e lavar o dinheiro.

Desde 2021 até este ano, as empresas fizeram movimentações suspeitas de aproximadamente 1 bilhão e 200 milhões de reais. As investigações apontam que o valor do prejuízo sonegado, no entanto, é bem maior: R$ 19 bilhões.

“São chamadas de empresas noteiras. São empresas que servem apenas para emissão do documento fiscal, das notas fiscais, e não havia o recolhimento dos tributos devidos”, explica Márcio Marques, delegado Polícia Civil – GO.

Na sexta-feira, 29 de novembro, Quatro pessoas foram presas suspeitas de pertencerem à organização criminosa. A polícia apreendeu joias, dinheiro, 468 veículos, a maioria carretas que transportam grãos pelas estradas do país. Vários carros de luxo, incluindo um Porsche, que vale mais de R$600 mil. E dois aviões.

O Fantástico procurou a defesa de Vinícius Martini de Mello e da esposa, Camila Rosa de Melo, mas não tivemos retorno.

“Qual é a palavra: traição? Frustração ? Nenhuma palavra boa aprece nesse momento”, afirma Euclides Costenaro, produtor rural.

Vinícius e a mulher são considerados foragidos.

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