Anomalia da soja já causou R$ 1,5 bi de prejuízo nas últimas três safras, calculam especialistas
Pesquisas apontam que doença, que causa quebramento das plantas e podridão de grãos e vagens, seria causada por um fungo
O investimento em pesquisas tem papel fundamental no avanço da agricultura brasileira, seja com o desenvolvimento de novas tecnologias ou com o encontro de soluções para os desafios no campo. Entre os desafios das últimas três safras, por exemplo, está a “anomalia da soja”, que segundo estimativas já tirou cerca de R$ 1,5 bilhão do bolso de produtores.
A realização de investimento em pesquisas foi tema de um encontro em Sorriso que reuniu pesquisadores e produtores rurais, ao qual entre as preocupações apontadas estava o quebramento de plantas de soja e o apodrecimento de grãos causados pela “anomalia”.
Considerando as ocorrências relatadas nas últimas três safras por produtores e pesquisadores, estima-se que o quebramento de hastes e o apodrecimento de grãos tenham afetado entre três e quatro milhões de hectares de soja, com maior incidência e intensidade em lavouras no eixo da BR1-163 em Mato Grosso.
“Considerando uma proporção média de 10% dos grãos avariados ou podres, o que resultaria em 2% de desconto econômico, chegamos a um número de cerca de R$ 530 milhões de perdas anuais devido a esse problema”, comenta o melhorista de soja da Bayer, Miller Lehner.
Conforme Miller Lehner, o montante estimado leva em consideração uma produtividade média de 60 sacas por hectare e a saca da soja cotada a R$ 105.
Solução ainda depende de estudos
Na avaliação do melhorista de soja da Bayer a solução definitiva para a “anomalia da soja” depende de mais estudos e resultados.
“A gente tem acompanhado algumas pesquisas, mas eu diria que já é quase um consenso entre a comunidade de pesquisadores, que está trabalhando no assunto, que se trata de uma doença causada por fungo”, diz Miller Lehner.
Ainda de acordo com ele, análises são realizadas em vagens e grãos.
“A gente tem um resultado muito claro que a reação à essa podridão de grãos e vagens é dependente do germoplasma. Temos dados com variedades com mais de 40%, 50% de vagem e grãos podres e temos outras com uma proporção bem menor na casa dos 2%, 5%”, comenta.
Pesquisa é essencial para a evolução do campo
Os trabalhos de pesquisa com a “anomalia da soja” fizeram parte de um dos painéis do segundo evento do Clube da Inovação Soja, movimento liderado pela Bayer em Sorriso, onde a empresa tem um centro de pesquisas que completou 20 anos de contribuições para o avanço tecnológico da agricultura na região.
“O agricultor agregou produtividade, agregou sustentabilidade e ampliou o cultivo, não apenas da soja, mas também da segunda safra de milho e o cultivo do algodão. Então, tudo isso foi possível a partir do investimento em pesquisa, melhoramento genético, introdução da biotecnologia que transformou a agricultura da região”, salienta o vice-presidente da Bayer na América Latina, Geraldo Berger.
Conforme o produtor rural, Thiago Stefanello, o agricultor está sempre em busca da melhor rentabilidade.
“Junto com o melhor manejo, melhores cultivares, independente da cultura, ele sempre busca rentabilidade. Esses centros de pesquisas vêm trazendo muitos benefícios para os produtores”, ressalta.
Bayer expande pesquisa em Mato Grosso
Diretor de negócios da divisão agrícola da Bayer, Fernando Prudente, revela que a multinacional irá expandir os trabalhos do Clube de Inovação Soja em Mato Grosso.
“Vamos lançar mais cinco sites como esse no estado, mostrando que a empresa vê esse potencial e acredita. Serão cinco sites com estrutura para atender e trazer mais inovação”.
Na opinião do diretor-executivo do AgriHub, Otávio Celidonio, o investimento em pesquisa, tecnologia e inovação são fundamentais no estado e no Brasil para que se possa seguir na trilha da liderança da produção no mundo.
“Os números, as propostas e as soluções que a Bayer e as outras empresas têm trazido realmente mostram o potencial que a nossa agricultura ainda pode entregar. Ainda mais com todo o investimento e trabalho do nosso produtor rural”.
Pedro Silvestre e Viviane Petroli, de Rondonópolis (MT)
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