
Bolsonaro critica lockdown e compara Maranhão à Venezuela; governador Flávio Dino reage
Presidente compartilhou vídeo de uma abordagem de fiscalização para criticar implementação do lockdown no estado.
Em mensagem publicada em uma rede social, neste domingo (10), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comparou o lockdown na Região Metropolitana de São Luís, à crise política e econômica da Venezuela. Na publicação, o presidente anexou um vídeo de uma abordagem policial de fiscalização no estado para criticar a gestão do governador Flávio Dino (PCdoB).
As imagens mostram um policial uniformizado dentro de um ônibus, em que checa quais passageiros estão se deslocando para “atividades essenciais”. Desde o dia 5 de maio, por determinação da Justiça, só estão sendo permitidos o funcionamento de serviços essenciais e a circulação de pessoas que trabalham para esses serviços, nas quatro cidades da Grande São Luís.
Para comprovar o exercício da função nesses serviços, os funcionários precisam apresentar à fiscalização uma declaração da empresa ou do órgão em que trabalham. Em legenda ao vídeo anexado na publicação, Bolsonaro disse que “milhões já sentem como é viver na Venezuela”.
‘Documento e declaração de que vai trabalhar’… Se não tem desce. Assim o povo está sendo tratado e governado pelo PCdoB/MA e situações semelhantes em mais estados. O chefe de família deve ficar em casa passando fome com sua família. Milhões já sentem como é viver na Venezuela”, publicou o presidente sobre o lockdown no Maranhão.
Em resposta, o governador Flávio Dino disse que o presidente estaria “tentando sabotar medidas sanitárias” de combate à pandemia e estaria fingindo “estar preocupado com o desemprego”.
“Bolsonaro inicia o domingo me agredindo e tentando sabotar medidas sanitárias determinadas pelo Judiciário e executadas pelo Governo. E finge estar preocupado com o desemprego. Deveria então fazer algo de útil e não ficar passeando de jet ski para “comemorar” 10.000 mortos”, publicou o governador Flávio Dino, em resposta ao presidente.
Lockdown na Grande Ilha
A determinação de bloqueio total na Região Metropolitana de São Luís é do juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca da Ilha de São Luís. Em entrevista ao G1, Douglas afirmou que tomou a decisão porque ‘as pessoas estão brincando e outros estão morrendo’ pela falta de responsabilidade. A região metropolitana é formada pelas cidades que compõem a ilha: São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
De acordo com a decisão, o que prevê o lockdown no Maranhão:
- Suspensão das atividades não essenciais, com exceção de serviços de alimentação, farmácias, portos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas.
- Bancos e lotéricas abrem apenas para o pagamento do auxílio emergencial, salários e benefícios sem lotação máxima nesses ambientes, com organização de filas.
- Proibição da entrada e saída de veículos por dez dias, com exceção para caminhões, ambulâncias, veículos transportando pessoas para atendimento de saúde e atividades de segurança.
- Suspensão da circulação de veículos particulares, sendo autorizados somente a saída para compra de alimentos ou medicamentos, para transporte de pessoas e atendimento de saúde, serviços de segurança ou considerados essenciais.
- Limitação da circulação de pessoas em espaços públicos.
- Proibição de qualquer aglomeração de pessoas em local público ou privado, para realização de eventos como shows, congressos, torneios, jogos, festas e similares
- É obrigatório o uso de máscara em todos os locais públicos e de uso coletivo, ainda que privados.
Quem não cumprir as regras do lockdown estará sujeito a advertência ou multa. Estabelecimentos podem sofrer interdição parcial ou total do estabelecimento, no caso de empresas (leia detalhamento mais abaixo nesta reportagem).
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Lockdown em São Luís. — Foto: Adriano Soares/Grupo Mirante.
Serviços essenciais em funcionamento
As atividades comerciais que estão mantidas durante o lockdown na Grande São Luís são:
- Produção e comercialização de alimentos, produtos de limpeza e de higiene pessoal, em supermercados, mercados, feiras, quitandas.
- Serviços de entrega (delivery) de restaurantes e lanchonetes – também estão autorizados a funcionar aqueles em que o cliente retira o produto no estabelecimento.
- Assistência médico-hospitalar, como hospitais, clinicas e laboratórios.
- Distribuição e a comercialização de medicaremos e de material médico-hospitalar.
- Serviços de tratamento e abastecimento de água, além de captação e tratamento de esgoto e lixo.
- Serviços de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, gás e combustíveis.
- Serviços funerários.
- Serviços de telecomunicações, serviços postais e internet.
- Processamento de dados ligados a serviços essenciais.
- Segurança privada, limpeza e manutenção de empresas, residências, condomínios, entidades associativas e similares.
- Serviços de comunicação social.
- Fiscalização ambiental e de defesa do consumidor.
- Locais de apoio para o trabalho dos caminhoneiros, a exemplo de restaurantes e pontos de parada e descanso, às margens de rodovias.
- Distribuição e comercialização de álcool em gel, além de serviços de lavanderia.
- Clínicas, consultórios e hospitais veterinários para consultas e procedimentos de urgência e emergência.
- Borracharias, oficinas e serviços de manutenção e reparação de veículos.
- Atividades internas das instituições de ensino para parar aulas transmitidas pela internet.
- Atividades internas dos escritórios de contabilidade e advocacia, com exceção de serviços presenciais.
- Segundo o decreto, em todos os estabelecimentos que se mantiverem abertos, é obrigatório seguir todos os protocolos de segurança fixados pelas autoridades sanitárias, como: distância de segurança entre as pessoas, uso de máscaras pelos funcionários e clientes, higienização frequente e disponibilização de álcool em gel e/ou água e sabão para funcionários e clientes.
Coronavírus no Maranhão
Subiu para 379 o número de mortes por Covid-19 e para 7.599 o de pacientes infectados pelo novo coronavírus em 156 municípios do Maranhão. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e foram divulgados na noite deste sábado (09).
De acordo com a SES, 4.644 pacientes estão cumprindo isolamento domiciliar, 656 estão internados em enfermarias e 303 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no estado.
O boletim epidemiológico apontou que subiu para 1.617 o número de pessoas recuperadas pela doença. Em relação aos profissionais da saúde infectados pela doença, a SES afirma que ao todo, 655 foram infectados e deste número, 609 estão recuperados e 12 morreram.